Dienstag, August 31

As terras conhecidas (Parte 1/2)

Minha especialidade é história, mas para conhecer sobre a história daqui eu precisei ir muito longe e conversar com muita gente, pois não existem livros sobre o assunto, como no lugar onde nasci. Então, acabei por conhecer a maior parte das terras habitadas, as terras onde as principais raças construíram suas civilizações e também tomei conhecimento de outras terras, mais distantes, com seus próprios povos e culturas, que pouco contato mantém conosco. Eu viajei apenas até onde era seguro, admito. Não desenhei mapas, mas sei onde encontrá-los. Não fui muito mais longe do que as próprias histórias que conto poderiam contar.
Mas conheci grande parte das terras onde se passam essas histórias e posso descrevê-las um pouco, se isso ajudar a entender melhor os acontecimentos descritos. Não encontro muitas relações entre as terras por onde andei com a terra onde nasci. Apesar de reconhecer que é o mesmo mundo, vendo as estrelas em posições parecidas, assim como a lua no céu, o sol, os planetas, sei que há algo de diferente. Tenho impressão de viver no que seria o hemisfério sul, considerando minhas fracas analises celestes.
O norte do planeta não parece ser muito habitado, existem poucas terras acima das águas, além de muito gelo. Mas existem povos morando lá, povos guerreiros e selvagens no seu modo de vida, mas que possuem uma civilização complexa, diferente da maioria dos povos que conheci. Existem dois caminhos para chegar a essa região, por mar ou atravessando a estreita facha de montanhas que separa os dois blocos de terra a oeste.
Pelo que entendi desse mundo, existem dois grandes blocos de terra conhecidos, separados por um mar interno, flutuando em um grande oceano. O bloco ao norte é o que já descrevi, pouco habitado e coberto de gelo. A região mais populosa é a que fica a oeste, onde vivem os povos guerreiros que causaram o fim da Era Dourada. Existem terras a leste, mas não sei descrevê-las, pois nunca as vi e poucas lendas chegaram a mim. Todas essas terras são chamadas de Äquivnoor.
As terras do sul, onde vivo agora, são muito vastas e habitadas por civilizações que já foram gloriosas. Seu terreno é diverso, montanhas, florestas, desertos e cidades. Além disso, não se trata apenas de um continente, mas sim dois unidos pelo seu extremo sul. Minhas andanças permitiram-me conhecer muito bem o lado oeste do continente, mas a parte leste, apesar de saber que é habitada, pouco a visitei. Desde o fim da última era, poucos contatos são mantidos a não ser pelo comércio marítimo. O sul é conhecido por Teilzu.

Montag, August 30

Teia da Magia

As linhas da realidade que formam a frágil teia da existência estão sujeitas a influências externas. Também somos constituídos por essas linhas e como extensão delas somos capazes de alterá-las. Compreender esse fato permitiu o surgimento da Magia. Mas apesar de ser uma idéia simples, sua realização pode ser custosa, pois as ondulações da teia também afetam aquele que a faz ondular.
Os primeiros magos descobriram isso da pior maneira, quando os efeitos colaterais manifestaram-se de forma terrível. Para controlar esses efeitos, começou a busca pelo entendimento das forças místicas, o grande desafio tornou-se descobrir como tornar mais maleável a realidade ao mesmo tempo em que se enrijecia a própria existência do mago, permitindo que esse resistisse com maior facilidade aos reflexos de sua magia.
Fórmulas místicas foram compostas, magias escritas e gravadas na memória, caminhos e técnicas que facilitavam a ativação de efeitos pré-definidos, manifestações de possibilidades que se adaptavam a existência. Escolas surgiram, livros foram editados e regras e normas adotadas. Aos poucos o verdadeiro poder se perdeu numa nova rede, a rede burocrática. Mas esquecer a origem da magia não diminuía o poder dos grandes magos, apenas dificultava a manifestação de novos usuários da magia.
Mas a Magia não estava presa. Ela se manifesta constantemente, mesmo em não-magos. As fórmulas não precisam ser abandonadas, mas a verdadeira força da magia precisa ser reconhecida. Hoje em dia ela é temida, os mestres dificultam o acesso aos alunos e os não usuários temem os usuários. O conhecimento sobre a força que move o mundo, sobre as linhas que tecem a existência tornou-se o maior dos segredos da Magia. Se esse segredo será revelado, não é certo, mas existem alguns que se aproximam da verdade, quando usam apenas de sua força de vontade para realizar o impossível. Nao é possível conter a Magia, muito menos, a verdade...

Monstros nas sombras

Uma sombra se alastra pelo mundo, isso não é de agora, começou a muito tempo. Comecei falando em dualidades, mas talvez a situação não seja tão simples, ou então essa simplicidade seja a mais assustadora. Não, não é tudo preto e branco, os nuances de cinza podem ser mais terríveis, porque ao mesmo tempo em que nos dão esperança, podem nos derrubar.
Essa sombra tem o poder de transformar a alma dos mais fracos, esconder a verdade e lhes dar o poder de uma ilusão. E os fortes são poucos na atualidade. Funciona como um pacto sombrio, onde você para manifestar sua força interior você cede parte do controle para a escuridão e faz coisas que se você fosse capaz de se arrepender, resultaria em sua morte, por desgosto. Mas você está cego para isso, apenas deseja mais poder.
Assim, monstros começaram a surgir, seres amaldiçoados que vagam pela noite, fugindo da luz, aterrorizando populações. Vivem como parasitas, ceifando vidas para aumentar seu poder. Alguns, mais infelizes, chegam a se arrepender e fogem para longe, mas nunca mais voltam a ser o que eram. Além disso, esses monstros ainda desejam espalhar sua maldição, compartilhar seu sofrimento e dominar pobres mortais.
Mesmo assim, esses seres deformados não são os piores terrores que enfrentamos. Os piores monstros são aqueles que se encontram entre nós, ou até dentro de nós. Como disse, não é mais tão fácil enxergar o bem ou o mal, existem várias nuances e é provável que todos já tenhamos começado a cair. Claro que existe a chance de redenção, mas ela tão grande quanto a nossa capacidade para enfrentar os demônios reais que nos ameaçam a noite, invadindo nossos lares e se alimentando do sopro de vida que há em cada um nós...

Sonntag, August 29

Basti

Houve um deus dragão que se encantou com as novas espécies que surgiam, tão frágeis, mas tão cheias de vida. Um ser em especial chamou a sua atenção. A graça e a fúria, a leveza e a força, qualidades destoantes reunidas em apenas um animal, tornando-o único. Ele desejou conhecer melhor o que fazia aquele ser tão especial, assim cedeu seu poder, esgotando sua existência, de modo a realizar todo o potencial daquele frágil corpo. E ele o chamou de Bast.
Novas nuancem de cores, novos odores, novos sentimentos, uma nova compreensão daquilo a sua volta e medo, pois apesar de tudo ser igual, era tudo novo. Assim se sentiu Bast. E ele se sentiu só, pois sabia que algo havia mudado e que ele era único. Então um dragão o encontrou. veio e falou com ele, ele temia o dragão, pois sabia o que eles costumavam fazer. Apesar das palavras de compaixão, assim que sentiu seus músculos livres para se mover, ele fugiu para a selva. Ele já havia estado lá, mas agora ele era outra coisa, mas de certo modo ele se sentia melhor. Ao buscar pelo seu lar, quando encontrou seus iguais, finalmente entendeu que não era mais o mesmo.
Mas com isso também veio aceitação por si mesmo. Ele se isolou e passou a viver sozinho na selva, fugindo dos dragões que agora pareciam saber que ele existia e persegui-lo. Ele havia se tornado mais hábil do que antes, mais poderoso. Tinha uma nova compreensão do mundo, e isso lhe dava poder. Por muitos anos ele viveu assim, quando começou a arriscar visitas ao mundo dos dragões. Escondido, sem nunca o avistarem, ele aprendeu muito sobre o mundo, mas ao mesmo tempo viu como era viver entre iguais e sentiu falta disso. A tristeza se abateu sobre seu coração e ele resolveu desistir e partir.
Por quanto tempo ele vagou, nem para onde. Talvez ele procurasse um lugar para morrer, mas no fim ele encontrou outra coisa. Pois ele descobriu, no fim, que não era único, apenas o primeiro. Ao morrer, o poder que o criou não era controlável. Parte serviu para criar Bast, mas muito se dispersou pelo universo e algo ficou no mundo. Ele descobriu que outros como ele haviam nascido, mas estavam mais perdidos do que ele próprio. Mas ele sabia o que fazer, ele teria sua família.
Assim surgiu uma das raças mais nobres e sábias. Eles receberam grande parte do poder e isso se refletiu em sua cultura e sabedoria milenar, sendo que muitos deles seriam capazes de sobrepujar seu próprio criador. Mas o que poucos sabiam que ao mesmo tempo em que os Basti despertaram, outros seres também o fizeram...

Freitag, August 27

Divididos

Apesar de separados, não estamos realmente sós. Dividimos o mundo com outros seres tão fortes e tão sábios quanto nós. Acho que isso já havia ficado meio óbvio. Na verdade o que era mais óbvio era o constante risco que vivemos por causa da existência de seres bem mais poderosos. Mas esses não se preocupam tanto com nossos problemas, enquanto com os outros nos relacionamos dia-a-dia.
Quem são eles? Primeiro é preciso evidenciar as diferenças entre nosso próprio povo. Os humanos não são uma raça muito unida. Diferenças no idioma, no modo de vida, na cor de pele, no corte de cabelo nos mantêm divididos. Hoje a distância impede grande parte das guerras, mas elas foram comuns no passado. As poucas vezes que alianças se formaram foi para enfrentar inimigos maiores. Cada povo habita hoje regiões diferentes do mundo e tem seu próprio modo de vida, mantendo contato principalmente por causa do comércio.
Mas nós realmente não somos os únicos. Em um mundo onde conseguimos realizar de maneira tão maravilhosa nosso potencial, bastando apenas força de vontade, não devemos esperar que outras espécies também não se tornariam grandiosas como nós. Sim, aparentemente várias espécies de animais atingiram um certo grau de evolução que os tornam capaz de se igualar a nós, ou será que nós é que nos igualamos a eles? Existem vestígios, ou melhor, provas de que certas raças possuem culturas mais antigas que a nossa.
Isso não nos faz necessariamente inimigos, mas torna mais forte o sentimento xenofóbico. E nos dias que vivemos, o distanciamento torna mais difícil ainda aceitar essas raças como irmãos ou primos, sequer. Recebê-los como visitantes também é complicado e o mundo começa a se tornar pequeno. Cada raça busca viver em suas próprias terras, para as quais são naturalmente adaptados. Mas os homens não possuem limites para sua adaptação, suspeito inclusive que um dia poderemos viver até debaixo da água.
Respeitamos os limites, ainda. Mas a disputa por espaço fica cada vez mais complicada. A falta de comunicação não ajuda. A separação prejudica nossas defesas e a sombra que surge no norte pode não ser uma ameaça maior do que a sombra que nos impede de ver que vivemos todos no mesmos mundo e precisamos trabalhar juntos para mantê-los a salvo da destruição. Não deveríamos ser a causa de nossa própria destruição, mas esse parece ser o caminho para o qual andamos...

Donnerstag, August 26

Acredite

Também fomos tocados pela força que move o universo. O que nos torna diferente dos deuses? O que nos aproxima deles? A insignificância de nossas vidas pode ser a resposta, somos um grão de areia. Mas mesmo o mais insignificante pode provocar mudanças que a atingem a todos, quando vive sua vida com paixão. Essa lição é a história que nos dá.
Mas por que são tão raras essas manifestações? Porque estamos presos em nossas próprias mentes. Criamos correntes que impedem nosso crescimento, o mesmo que enfraqueceu nossos irmãos do outro lado, nos ameaça agora. Nem sempre fomos assim, apenas esquecemos de nossa força. É preciso reencontrá-la.
São vários os caminhos para se manifestar o dom. Primeiro é preciso entender que somos um com o universo e assim como nos adaptamos para nele viver, podemos moldá-lo de acordo com nossa vontade. Assim a humanidade aprendeu a Magia e hoje existem fórmulas para isso. Mas a verdadeira Magia está em nossos corações, apenas com força de vontade ou fé podemos a atingir e tornarmos espíritos livres.

Mittwoch, August 25

Através dos tempos

Vivemos na Era do Silêncio. O silêncio que antecede o trovão, pois uma tempestade se aproxima. Mas apesar da tempestade, não se sabe o que está porvir. O silêncio também representa a oração de esperança por tempos melhores. Uma época como as que foram vividas no passado, quando havia paz, felicidade e confiança um nos outros. Talvez nunca tenham existido histórias felizes, mas é uma ilusão que precisamos alimentar.
A primeira das eras foi a Era Antes das Eras, quando tudo era uma só coisa e a consciência universal era manifesta. Foi uma eternidade de paz e o ciclo da vida sugere que um dia devemos voltar a ela, mas talvez seja necessária outra eternidade até esse momento.
Então surgiram os planetas e os seres vivos. E aqui começou a Era dos Dragões, que criaram uma sociedade magnífica e gloriosa, mas que também teve seu fim. O que levou a ruptura não se sabe, mas novos deuses e novos povos passaram a controlar e os dragões desapareceram aos poucos, mas seu rancor ainda alimenta lendas sombrias do retorno a um mundo corrompido onde eles seriam os únicos deuses.
Naqueles tempos, os planos eram mais conectados. Os deuses e os povos que surgiram reinaram em paz dos dois lados. Foi a época em que as diferenças começaram a surgir e também a época em que elas foram esquecidas. Foi a época em que os homens reconheciam o poder da fé e da magia, a época em que as pessoas atravessavam mais livremente e que se ampliou em muito as populações dos dois lados. Mas algo ocorreu que mudou tudo, uma nova forma de ver o mundo desacreditou os deuses. Não sei explicar, pois todos os relatos foram esquecidos, assim como o nome daquela era, que o hoje é chamada da Era do Reino dos Deuses Esquecidos, quando os portais se fecharam.
Então os seres do mundo de antimatéria despertaram para o fato de que estavam sozinhos, mas apesar disso eram capazes de realizar grandes obras. Eles tinham um mundo a desvendar e mistérios a revelar. Nessa era os segredos das forças que moviam o universo passaram a ser conhecidos por todos, a magia e a fé motivaram o surgimento de sociedades que um dia foram gloriosas, mas agora glorificavam apenas os poderes que lhe serviam de origem. Foi a Era do Despertar, do despertar dos mortais para a imortalidade.
O que nos levou a Era Dourada. Maravilhados com o seu potencial, todas as raças e povos pareciam unidos no objetivo de criar uma sociedade perfeita. Foram os anos mais gloriosos para todos os povos, ao contrário do que ocorria no mundo irmão, que vivia uma era de trevas. Nessa Era foram criados os mais grandiosos monumentos e cidades, até hoje existem resquícios dessa grandiosidade. E vários poderes surgiram para manter tudo em ordem.
Mesmo assim, tudo acabou. Uma invasão inesperada e uma guerra dura que separou irmãos e amigos. Como resultado, muitas pessoas morreram e, além disso, deuses caíram. Foi o prenúncio dessa era, o luto dos deuses. No fim, o mal que veio do norte foi contido. A um preço muito alto, é verdade, mas deu tempo para os povos que um dia foram amigos se recuperarem. Mas o silêncio impede o retorno das alianças que serão necessárias, pois tudo indica que um novo mal está para se levantar com o trovejar da tempestade. O silêncio está para terminar.

Dienstag, August 24

Travessia...

Você talvez não acredite nessas histórias, de que existam universos gêmeos separados por uma barreira invisível. Isso é aceitável, eu mesmo não acreditava até ter atravessado tal barreira e foi um processo muito doloroso para se esquecer ou para fingir que não aconteceu.
Quando os limites entre as dimensões eram frágeis e as duas eram muito parecidas entre si, seus moradores podiam atravessar livremente com um pouco de força de vontade. Isso explicaria os relatos de deuses e monstros vagando por um planeta que atualmente não acredita em nada. Mas com a distância muitas mudanças ocorreram e cada dimensão passou a ser composta por partículas antagônicas, matéria e antimatéria.
Os dois materiais não podem co-existir. Isso impediu a passagem por livre iniciativa, mas não rompeu os laços entre os planos. Assim, ocorre de um lado ou outro puxar ou empurrar partes de seu irmão para si. Tal processo é altamente destrutivo para os materiais inanimados, mas os seres vivos têm uma vantagem, que ao mesmo tempo é sua maldição. A essência divina que concede a vida transforma o viajante, destruindo e reconstruindo o seu corpo para que ele se adapte ao novo plano de existência.
E porque alguém iria querer atravessar, então? Ninguém quer atravessar, ninguém sequer sabe que existe algo para se atravessar. Isso simplesmente acontece, aparentemente sem um motivo claro. Existem lendas que garantem haver uma grande importância para o fato dessas coisas ainda acontecerem. O que dizem essas lendas desconheço, mas estão ligadas ao destino de tudo. Talvez represente o fato de que as barreiras não são naturais e que um dia romperão. Mas uma nova união pode não ser a redenção, pois temo que os monstros que habitam ambos os mundos tornem-se ainda mais destrutivos se confrontados do que o são separados. E talvez força nenhuma dos dois lados seja capaz de contê-los, então.

Sonhos pré-históricos

Os primeiros a vagarem por esse mundo foram deuses e demônios, chegará o momento em que discutiremos sobre eles. Mas quando falamos em habitantes legítimos, como você e eu, os mais antigos são as bestas ancestrais que dominaram terra, mar e céu durante milênios, mas hoje se encontram dormindo um sono de terror.
Com seus corpos de répteis gigantes com asas e sua mística inteligência assombram e resplandecem aqueles que os vêem. São conhecidos por dragões, mas são muito mais do que meras feras. Sim, eles dominaram nosso mundo e há quem diga que um dia eles voltarão a dominar. Seres de pura magia, viveram em uma sociedade perfeita, mas não souberam adaptar-se as mudanças que vieram com os novos habitantes de suas terras.
Tornaram-se deuses vivos, deuses destruidores e criadores, nem bons, nem maus, mas suas diversas facetas, principalmente as terríveis, foram gravadas no fundo da alma de todo ser vivo e ainda hoje tornam os pesadelos dos mortais em algo substancialmente real. Mas a mudança dos tempos fez com que esses grandes seres minguassem, permitindo que outras raças dominassem. Mas eles nunca foram dominados, buscaram refúgios secretos onde poderiam sonhar com glórias do passado, pois suas lembranças são como a rocha mais sólida que nunca se desgasta.
Onde seriam esses refúgios ninguém sabe. Dizem que é possível encontrá-los quando tudo se transforma a sua volta, pois suas mentes poderosas transformam sonhos em realidade e nossos pesadelos em morte. Mas é melhor que eles continuem dormindo, pois apesar de saberem que seu sonho é uma mentira, eles cansaram de lidar com os insignificantes mortais. E o despetar desse sono, despertaria também uma fúria incontrolável. Mas quem desejaria ter essa fúria contra si? Existem aqueles que a desejam sobre todos nós...

Montag, August 23

Origens

Quando tudo surgiu e o primeiro ser tomou consciência de sua existência ele adotou a forma daquilo que o envolvia, mas o espaço era infinito e o tempo interminável. A medida em que ele alcançou a tudo, ele se partiu e se uniu àquilo que existia.
Assim as estrelas, os mundos e a vida surgiram. Cada parte com seu próprio objetivo, mas ao mesmo tempo unidos pelo mesmo destino, tudo em ressonância. Mas aos poucos novas vozes puderam ser ouvidas e algumas começaram a destoar, assim a separação tornou-se inevitável, pois a busca por independência surgiu.
Os planetas começaram a se distanciar e nada mais pode ser afirmado sobre o que acontece no longínquo céu de estrelas. Mas aqueles que estavam perto também se afastaram. Abismos e muralhas surgiram, apesar de alguns tentarem se manter unidos. Assim foi no início dos tempos e em todos os lugares, a despeito da agonia do primeiro.
Em nosso mundo, antes dele se transformar em dois, seus primeiros habitantes dividiram-se entre aqueles que sofriam a dor do universo e aqueles que a ignoravam e buscavam aplacar seu próprio sofrimento. E isso que originou a barreira que separa os dois planos de existência. Com o passar das eras, mais difícil ficava transpor esses limites e o preço a se pagar para realizar tal façanha pode ser considerado muito alto, mas para muitos é a única esperança.

Sonntag, August 22

Seriam os deuses conceitos?

Conceitos, esses são os alicerces da cultura e da sociedade. Mas foi principalmente o duelo entre conceitos que permitiu nosso crescimento. Refiro-me, por exemplo, ao duelo entre bem e mal, amor e ódio, conhecimento e ignorância... Esses conceitos não são tão diferentes entre si, estão unidos e a existência dos mesmos só é completa quando juntos, são as duas faces da moeda.
Desde a origem do universo, sempre foi assim. Isso nos faz pensar se existe mesmo só um universo. A resposta é não. Apenas não sei quantos universos existem, mas eu já estive em dois, aquele onde eu nasci, onde a ciência e a racionalidade humana prevaleceram e permitiram o desenvolvimento da sociedade e aquele forjado pela magia e sabedoria espiritual, onde as leis da física se rendem à força da imaginação. Universos que não podem coexistir no mesmo momento ou local, mas que ao mesmo tempo estão interligados de tal maneira que um não sobreviveria sem o outro, matéria e antimatéria como um dia escutei falando um homem em devaneios que atravessou na minha frente.
Nossa origem está nesse conflito eterno, mas enquanto em um lado os conceitos não passam de idéia cujos limites são indefinidos, aqui os conceitos assumem formas divinas e influência o destino de todos os seres vivos por meios diversos. Mas isso não é o pior. O pior está em saber que o conflito não está mais apenas dentro de nossas mentes, aqui o choques não são entre idéias, mas entre deuses. Por isso reze por proteção...

Freitag, August 20

Do outro lado...

Para mim sempre foram apenas histórias de terror... nunca pensei que um dia viveria uma delas. Mas agora que estou aqui, percebo que não é tão assustador e que existe vida e também felicidade...
Eles são pessoas como a gente e uma vez eles viveram entre nós, ou seríamos nós que teríamos vivido entre eles. Mas a verdade é que mesmo eles tendo sido privados da constante evolução da civilização como eu a conhecia, eles receberam bençãos ainda maiores.
Mas há algo no ar. Sim, uma parte das histórias de terror eram verdadeiras. Pode ser que a felicidade não dure para sempre. Mas ainda há esperanças, talvez seja por isso que alguns de nós ainda hoje possam atravessar para esse lado.